terça-feira, 6 de março de 2012

Status quo entre dilemas


I
Ao profano e pitoresco,
Que corta as peles mais pérfidas
Em sangrentas plantações de desespero,
Saiba que te espero em meus insanos pesadelos.
Encontrar-te-ei para incontroláveis desabafos e revides.
Não sou aquele que exatamente procuras,
Tampouco serei seu mais novo verdugo entre crédulos fundamentalistas.

Há esperança na porta ao lado
Nunca em nossos quintais.

Teus desejos ásperos, sombrios aprisionados em locais insalubres
E em esconderijos tão sórdidos quanto teus anseios,
Fazem de você especialmente admirável,
Quase indecifrável.
II
É tempo de tudo, é tempo do nada, dos projetos desviados,
Lideranças cooptadas, danos irreparáveis,
Rebeldia anestesiada...
Enquanto isso nossas bandeiras são rasgadas
Por aqueles que clamam liberdade!
É tanto contrassenso, é tanta estupidez,
É difícil manter o fogo (da esperança) arder em chamas vivas.
A paciência é tão ou mais espetacular que os atos heroicos.
III
É possível errarmos inúmeras outras vezes,
Mas o preço que se pode pagar pode custar vidas.
É preciso reinventar-se diuturnamente,
Novas novidades exigem novas mediações,
Novas análises, novas ações.
IV
Ao sagrado e intocável:
Não espere de mim complacência.
Sua nobre aparência engana tolos e desvairados.

Conservar, conservar, conservar...
Manter mazelas, injustiças, infortúnios
Não o faz santo, nem imune a atitudes mais ácidas.
Chegará o momento em que seu solo vai desabar
E alguns irão rir outros chorar,
Mas todos poderão compreender que seu discurso mentiroso
Não poderá mais se sustentar.

[Poema escrito 06/03/12 por Alcides Junior.]

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