I
Ao profano e
pitoresco,
Que corta as peles
mais pérfidas
Em sangrentas
plantações de desespero,
Saiba que te espero
em meus insanos pesadelos.
Encontrar-te-ei para
incontroláveis desabafos e revides.
Não sou aquele que
exatamente procuras,
Tampouco serei seu
mais novo verdugo entre crédulos fundamentalistas.
Há esperança na porta
ao lado
Nunca em nossos
quintais.
Teus desejos ásperos,
sombrios aprisionados em locais insalubres
E em esconderijos tão
sórdidos quanto teus anseios,
Fazem de você
especialmente admirável,
Quase indecifrável.
II
É tempo de tudo, é
tempo do nada, dos projetos desviados,
Lideranças cooptadas,
danos irreparáveis,
Rebeldia
anestesiada...
Enquanto isso nossas
bandeiras são rasgadas
Por aqueles que
clamam liberdade!
É tanto contrassenso,
é tanta estupidez,
É difícil manter o
fogo (da esperança) arder em chamas vivas.
A paciência é tão ou
mais espetacular que os atos heroicos.
III
É possível errarmos
inúmeras outras vezes,
Mas o preço que se
pode pagar pode custar vidas.
É preciso
reinventar-se diuturnamente,
Novas novidades
exigem novas mediações,
Novas análises, novas
ações.
IV
Ao sagrado e intocável:
Não espere de mim
complacência.
Sua nobre aparência
engana tolos e desvairados.
Conservar, conservar,
conservar...
Manter mazelas,
injustiças, infortúnios
Não o faz santo, nem
imune a atitudes mais ácidas.
Chegará o momento em
que seu solo vai desabar
E alguns irão rir
outros chorar,
Mas todos poderão
compreender que seu discurso mentiroso
Não poderá mais se
sustentar.
[Poema escrito 06/03/12 por Alcides Junior.]